-
Manipulação De Jogos: Empresário Que Chefia Esquema Comemorou Os Ganhos
-
'Vai me deixar rico', disse o líder do esquema em uma conversa
- Por Anderson Santos
- 11/05/2023 20h25 - Atualizado há 1 ano
As mensagens encontradas no celular do empresário Bruno Lopez, apontado como líder do suposto esquema de manipulação de jogos no futebol brasileiro, revelam comemorações relacionadas ao esquema.
Essas evidências sugerem a participação de Bruno Lopez e outros envolvidos no esquema ilegal de manipulação de resultados.
"Esse cabeludo vai me deixar rico, em nome de Jesus", escreveu o líder do esquema.
Em resposta às acusações, o advogado Ralph Fraga, representante legal dos acusados, afirmou (em nota enviada ao G1) que irá se posicionar formalmente na hora correta. Até o momento, a defesa de Thiago Chambó não se manifestou sobre o assunto.
Conversa do empresário Bruno Lopez — Imagem: Reprodução
Segundo prints apresentados, há uma conversa em que o empresário Bruno Lopez menciona que tudo estava acertado para a "operação de expulsão" do jogador Fernando Neto durante a partida entre Sport x Operário, válida pela Série B de 2022.
Segundo as investigações, o apostador teria combinado com o atleta um pagamento de R$ 500 mil para que ele recebesse um cartão vermelho, sendo que o jogador teria recebido antecipadamente a quantia de R$ 40 mil antes do jogo.
Durante o mesmo período, foram identificadas trocas de mensagens entre Bruno e Thiago, nas quais eles comemoravam os lucros obtidos com o esquema e discutiam a possibilidade de aproveitar as férias com o dinheiro das manipulações.
Fernando Neto em atuação pelo Fluminense e conversa do jogador com Bruno Lopez em investigação do Ministério Público de Goiás — Imagem: Reprodução
Thiago: "Os meus amarelos com os seus, os meus vermelhos com os seus e 'nós quebra as banca' e entra em férias. Então só os mais fechamento."
Bruno: "Fechado."
Como Funcionava O Esquema
De acordo com as informações fornecidas pelo Ministério Público, o grupo criminoso buscava cooptar jogadores por meio de ofertas financeiras que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Esses jogadores eram incentivados a realizar ações específicas durante as partidas, como cometer um determinado número de faltas, receber cartões amarelos, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até mesmo atuar com o intuito de favorecer a derrota de seu próprio time.
Conforme apontado pelo MP, o esquema de manipulação de resultados era estruturado em quatro núcleos distintos:
• Apostadores
• Financiadores
• Intermediadores e
• Administrativo.
Segundo a denúncia apresentada pelo órgão, Bruno Lopez ocupava a posição de líder no núcleo de apostadores.
Núcleo Apostadores
Consistia em indivíduos encarregados de contatar e convencer jogadores a participar do esquema criminoso. Além disso, eles tinham a responsabilidade de realizar os pagamentos aos jogadores envolvidos e realizar apostas nos sites de apostas esportivas.
Núcleo Financiadores
Os membros desse grupo tinham a responsabilidade de garantir a disponibilidade de recursos financeiros necessários para efetuar os pagamentos aos jogadores aliciados.
Núcleo Intermediadores
Era composto por indivíduos encarregados de estabelecer conexões e facilitar o contato entre os apostadores e os jogadores capazes de promover a manipulação dos eventos esportivos.
Núcleo Administrativo
O administrativo desempenhava um papel crucial no esquema, sendo responsável por realizar as transferências financeiras para os integrantes da organização criminosa, bem como para os jogadores cooptados.